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Parte quinze

Dolorosa partida.

Avise a Mellissa que iria em casa, no outro dia voltaria pra ficar com ela e a família no hospital esperando notícias. Ela concordou. Saímos, deixei para trás aquele pesadelo que ainda não havia acabado, rezava e torcia por Raí. Nick estava comigo, sempre comigo. Me pedia pra não desanimar e não perder a fé. Não queria mais separar-me dele. Dentro do carro, observava outros carros, dentro deles, outras vidas. O que se passava nelas? Perguntava-me. Alguém concerteza viveu pior que eu, alguém agora está numa boa, sem preocupações, outros estão no mesmo pesadelo, esperando respostas. Não queria imaginar como seria se Raí partisse, a Mel não seria a mesma, nunca mais, o sorriso dela se tornaria transparente. Não seria mas ela a pessoa quem faria os outros alegres novamente. Uma dor indescritível e inabalável imagino ser a dor de perder um irmão. Mas são sós pensamentos, pensamentos ruins e horrendos que não queria pensar. Chegando em casa fui comer algo, Nick não iria pra casa, prometeu assistir um filme comigo, em casa mesmo, não podia sair ainda, até por que não tinha ânimo. Dei um beijo de boa noite na minha mãe e no meu pai, ele me falou baixinho:
- Não gosto da idéia do Nick no seu quarto.
- Pai, ele vai só assistir filme, se quiser pode vir junto.
- Não, pode ir, mais não feche a porta!
- Certo pai. – Ri. Que desconfiança. Jura ele que faria besteira. Não tenho pressa nem penso nisso.
Subimos, porta aberta como o pai pediu, filme de comédia, pra distrair. O conforto era tão grande ao lado de Nick que acabei dormindo, estava tarde e assim que me viu dormir foi pra casa, segundo minha mãe. Quando acordei no dia seguinte, vi no rosto dos meus pais a tristeza, sem palavras pra me dizer que aconteceu o que não queria. Raí foi embora e deixou saudade. Chorei, como me doía. O pior é que não pude me desculpar, que não precisava de distância alguma. Pensei na Mel, como ela estaria agora. O Raí foi o mais atingido no acidente, o carro na direção oposta estava em altíssima velocidade, o pior de tudo era que o Raí havia sido o culpado, de uma forma inocente, mais culpado. Meu coração apertou, por que ruim seria o Raí viver de uma forma dependente, vegetando na cama do hospital, doloroso demais. Os médicos disseram que se ele sobrevivesse, ele não teria movimento nas pernas e nos braços, passaria tempo para entender as coisas que falávamos. Por um lado foi melhor, difícil vai ser aceitar. Soube esses detalhes pela própria Mel, que me prometeu não deixar de ser a sorridente, pois sabe que Raí não gostaria que deixasse de ser. Meus pais, eu e os pais de Nick comparecemos ao velório. Ali sim, estava sendo um verdadeiro pesadelo. Fiquei sempre abraçando a Mel, limpando suas lágrimas, perguntei a ela se não queria sair dali, não estava lhe fazendo bem, ela concordou. Só iria dar o último adeus. Então, pegou na mão do irmão:
- Irmão, eu juro que enquanto eu tiver aqui eu vou lembrar-me de você, eu sei que você vai ta iluminando meus passos, meu anjo. Desculpa por ter te desapontado e te dado trabalho quando era criança. A gente vai se encontrar em breve, eu te amo irmão. – Falava passando a mão em sua cabeça, chorava como se fosse uma criança.
Aquilo estava me arrasando, cheguei perto de Raí e falei:
- Eu não quero que você vá achando que não estou arrependida. Queria ter tido a oportunidade de te pedir desculpas. Vai com Deus Raí. Você vai ficar sempre no meu coração. – Não tinha nenhuma forma de conter o choro. Sabia que ele podia nos escutar. Então puxei a Mel e a tirei de lá. Ela chorava alto falando “Por que meu Deus, por que isso?”. Sentei ela num banco, bem distante do velório. Dei um copo d’água, tentava acalma ela, mas quem estava nervosa era eu. Então apaguei. Lembro de apenas não conseguir me conter em pé, daí fechei os olhos. Novamente retorno ao hospital, por que será? Bati forte com a cabeça no chão. O médico me informou que estava com um problema no coração, se ele batesse rápido demais, independente de ser por emoção, por susto ou nervosismo, apagaria. Desmaiar pode até não ser ruim, é como dormir numa hora tipo: Nada a ver. Mas já pensou, toda vez que eu desmaiar cair ir de cabeça no chão? Quantos hematomas eu teria? Daí surge à história dos remédios, odeio comprimido. Muitas vezes não conseguia engolir. O Médico disse que só teria efeito se o remédio fosse comprimido, então concordei. Fazer o quê né? Melhor que ta desmaiando. Leva susto, cai. No Parque de diversão, coração vai a mil, ai apago. O Namorado faz uma prova de amor linda, me emociono e desmaio. Ele vai pensar o quê? Nesse caso é melhor partir pros remédios, né? Não pude ir pro enterro, nem queria ir. Na certa seria outro desmaio. Muita gente chorando ao mesmo tempo é muito clamor, faz muito mal pro coração. Pois é, lá no hospital, Nick me acompanhando, Nick Nick Nick. Quem teria tanta paciência de acompanhar outra assim? Graças a Deus o tenho aqui. Talvez estivesse sozinha agora se ele não houvesse ido me ver no dia do acidente. E se não tivéssemos brigado e eu tivesse pedido perdão, se ele não tivesse me dado aquela carta talvez não estivéssemos aqui, agora. Acho que acredito no destino, uma coisa puxa a outra.
[...]

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